Os protestos que ocorreram neste domingo (4) contra a corrupção e em defesa da Operação Lava Jato levaram pelo centenas de milhares de pessoas à orla da zona sul do Rio de Janeiro. A Polícia Militar e o Exército não divulgaram informações oficiais. Os organizadores do evento calcularam cerca de 600 mil pessoas.
A aglomeração teve início por volta das 10h desta manhã na Avenida Atlântica, em Copacabana, entre as ruas Xavier da Silveira e Bolívar, na altura do Posto 5, mas rapidamente tomou diversas outras ruas, pelas pistas e calçadões da orla, com muita gente portando faixas, cartazes e vestindo as cores verde e amarela da bandeira brasileira.
Com palavras de ordem e gritos de protestos, os manifestantes atacavam, principalmente, os presidentes da Câmara, Rodrigo Maia e do Senado, Renan Calheiros. Seguindo a iniciativa de Maia, Renan também tentou aprovar requerimento de urgência para o Senado votar o projeto com as alterações propostas pela Câmara ao projeto de lei de autoria popular com 2,5 milhões de assinaturas com dez medidas de combate à corrupção.
Sanear o país
Para o delegado federal Jorge Barbosa Pontes, o país vem vivendo um movimento histórico. Ressaltando falar em nome próprio, não em nome da instituição ou da classe dos delegados, Pontes ressaltou que esse é o momento de sanear o país. “O Brasil está errado há mais de cem anos, mas este processo de mudança não é instantâneo. As pessoas pedem prisões, mas esquecem que o processo penal é algo demorado, amarrado”, criticou.
Segundo o delegado, a nova geração de policiais federais e de procuradores e juízes está fazendo um trabalho heroico que deveria ter sido feito. “O que estamos vendo agora não é uma manifestação qualquer, mas uma das fases da Operação Lava Jato, de quem nós somos hoje aqui também executores”, declarou.
Também presente ao ato, o promotor Público Carlos Henrique garantiu que os promotores e os magistrados têm orgulho de estarem participando da manifestação com a população. “Sabemos que estamos do lado certo. O que o Congresso está querendo, ao falar de abuso de autoridade, na verdade é calar, impedir a Lava Jato, a atuação do juiz [Sérgio] Moro”, diz.
O promotor disse que o Ministério Público não se intimidará com as tentativas de incriminar juízes e procuradores por abuso de autoridade. “Nós, promotores e juízes não temos medo de bandidos e não nos deixaremos nos intimidar. Estaremos do lado da população no combate a todos os tipos de criminalidades. Foi quando começamos a colocar na cadeia políticos e empresários do alto escalão, nos andares mais alto, que vieram essas reações contra o MP [Ministério Público] e contra a magistratura”, avaliou.
Indignação
O público que compareceu à manifestação em Copacabana era eclético e variado. Em meio à multidão, adolescentes, adultos e idosos, como Natal Antônio Abranches, 73 anos, entoavam o sentimento de indignação. “O motivo de estarmos aqui é para protestar contra essa corrupção toda, tem tanto ladrão que tá saindo pelo ladrão. É que está terra é tão rica que enquanto eles dormem ela se recupera”, disse.
Segundo o aposentado, a votação da Câmara foi feita por traidores da pátria, que agiram em defesa própria e para salvar a própria pele porque estão todos eles “enfronhados no cargo para roubar”. A jornalista e arquiteta Elisabete Soares, 56 anos, fazia coro aos protestos. “A Câmara dos Deputados parece que não é brasileira, porque essa decisão foi uma afronta ao povo brasileiro”, comentou. EBC
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